O conceito de Convergência hoje é normalmente compreendido como sinônimo das novas possibilidades competitivas desencadeadas pelas novas tecnologias da comunicação e informação (TIC).
Ou seja, trata da forma como mercados maduros vistos historicamente como distintos e estanques, de uma hora para a outra, se transformaram em um campo de batalha entre novos modelos de negócio e propostas de valor pelo atendimento de uma demanda antes conhecida e agora híbrida, complexa e inexplorada.
Neste novo cenário – virgem de leis, regras, modus operandi e paradigmas – vale tudo para construir uma nova oferta capaz de gerar força centrípeta suficiente para polarizar o mercado, atender aos diversos gradientes de necessidades dos clientes (agora multidimensionais e não mais lineares) e permitir que a empresa vencedora assuma um posicionamento diferenciado e sustentável, em muitos casos pautado no modelo the winner takes it all.
Foi assim com RIM, Apple, Nike e um sem número de outras empresas e produtos que souberam construir novas concepções e conexões de valor e moldar um mercado praticamente exclusivo para si próprias.
O que é de mais importante se notar nestes casos e fenômenos – e que muitas vezes é a causa da miopia competitiva dos executivos – é que a tecnologia em si tem um papel relativamente pequeno dentro do conceito de Convergência.
Apesar disso, ela se tornou sinônimo da Convergência, pois representa a forma mais tangível de se compreender como opera a combinação criativa de elementos formadores de uma Oferta – como produto, serviço, objetivos, princípios, marca, mensagem, meios, mídia, canal, conteúdo, etc – para a diferenciação competitiva.
No extremo limite não existem mercados na acepção do termo, mas uma combinação infinita de possibilidades de se criar uma oferta única para uma demanda múltipla e particular gerando, por decorrência, um mercado exclusivo e cativo.
E afrouxando novamente os laços que atrelam o conceito de Convergência à evolução tecnológica, as novas possibilidades derivadas da Web 2.0, como colaboração com o usuário, cobranding, protagonismo, influência de redes sociais, etc (habilitadas pelas novas funcionalidades e ambientes virtuais) permitiram a evolução da Oferta para um novo patamar 2.0.
Em suma, aplicar o conceito da Oferta 2.0 significa abarcar a Convergência com viés competitivo, em sua forma mais ampla considerando as possibilidades atuais habilitadas pelas novas tecnologias.
Uma vez entendida a forma de realizar uma “convergência integral”, cabe às empresas identificar os diversos pontos de demanda existentes em seu radar (estejam eles dentro ou fora de seu mercado ou cadeia de valor) e que tenham fit com seu core business e estratégia para só assim criar uma oferta única, de preferência uma Oferta 2.0, para gerar um mercado próprio e cativo, saindo do oásis competitivo e migrando para uma praia particular banhada pelo Oceano Azul.