Cada vez mais as empresas buscam um modelo organizacional e de operações mais enxuto e flexível, objetivando sua adequação rápida às condições de mercado e buscando vantagens competitivas pela constante inovação e reinvenção de si mesmas.
Dentro desta filosofia, as empresas passam a focar seus negócios no seu “core business”, buscando na Tecnologia da Informação (TI) subsídios que possam automatizar processos mecânicos e burocráticos não ligados diretamente a sua atividade fim. Isto tem gerado uma maior divisão de trabalho entre as empresas, envolvendo vários perfis de fornecedores, parceiros e terceiros, cada qual com suas especializações, conseqüentemente estreitando as relações entre os vários players de um determinado setor.
A Internet, de certa forma, quebrou o conceito de clusters geográficos, gerando o conceito de clusters (redes, comunidades) empresariais por setor de atuação, foco, similaridade e complementaridade de estratégias, objetivos e ações. Entretanto, temos visto como principais inibidores à evolução e formação destes novos ambientes de negócios, a heterogeneidade dos estágios tecnológicos de empresas e a diferença de tamanho entre as empresas – ainda que pertencentes a um mesmo segmento.
As empresas participantes dessas redes de negócios online devem ter em mente a necessidade de homogeneização de tecnologias e protocolos de comunicação entre si, pois somente desta forma todos os participantes serão capazes de “conversar com o outro”, ou seja, enviar e receber dados e informações em formato compatível com seus sistemas internos de gestão (ex. erp, crm, eis, sfa, etc).
Uma vez superadas as barreiras tecnológicas, as relações intra e interempresariais, quando convergidas a um mesmo ambiente digital (um e-marketplace, por exemplo), formam clusters empresariais que realizam negócios que competem em seus aspectos redundantes na venda, colaboram entre si no momento da compra e contribuem para a heterogeneização do ambiente com seus aspectos não redundantes e complementares.
Anteriormente restritos aos ambientes do tipo portal, com a Web 2.0 esses marketplaces digitais transbordaram as fronteiras de seu domínio www, germinando em redes e comunidades coopetitivas, uma vez que a colaboração é desígnio central dos ambientes 2.0 e a competição é efeito natural da proximidade de empresas do mesmo setor ou com o mesmo mercado.
No processo de venda – ou concorrência, os aspectos técnicos envolvidos nestas plataformas corporativas digitais devem ser arquitetados de maneira a realizar a identificação do que é redundante e propiciar um ambiente de livre concorrência, onde os principais diferenciais baseiam-se nas relações previamente firmadas com seus compradores, incluindo seu histórico, assim como na capacidade de prover o melhor atendimento de prazos, condições de pagamento, características específicas de produtos, dentre outros.
Por sua vez, a cooperação entre empresas competidoras se dá principalmente na utilização conjunta/compartilhada de recursos tecnológicos, na compra de matérias primas e materiais genéricos e na publicação de demandas mútuas, bem como na incorporação de tendências, ofertas de produtos genéricos e busca por fornecedores detentores de expertises especiais, dentre outras.
É nítido que não são somente as empresas que estão na linha de frente da cadeia de negócios, vendendo e comprando, as beneficiadas por este tipo de rede. As instituições governamentais e de pesquisa, bem como fornecedores, clientes, imprensa, ONGs e demais stakeholders podem fazer parte e se inserirem dentro deste contexto, provendo rico conhecimento explítico e opinativo, interagindo com as empresas e fazendo negócios igualmente.
Na medida em que as empresas passam a utilizar-se de meios digitais com o objetivo de transacionar e realizar negócios com maior frequência, poderemos perceber a evolução destes cenários e ambientes para redes mais fluidas e integradas de negócios. Como elemento de base, a Internet – hoje em sua versão 2.0 móvel, convergente e colaborativa – se fortalece como o ambiente potencializador de novos arranjos organizacionais e maneiras de se fazer negócios.
Vale ressaltar que a criação das reais e sólidas vantagens competitivas, via de regra, ainda ocorre no mundo offline, mediante a oferta de produtos e serviços diferenciados, metodologias e processos de produção mais eficazes e elaboração de corretas estratégias mercadológicas, dentre outros fatores diferenciadores. Mas é igualmente relevante reforçar que a Internet pode evidenciar estas vantagens de forma retumbante para quem souber utilizá-la.
Desta forma, ao passo que temos uma mesma “porta de entrada” para diversas empresas que competem entre si em alguns pontos e colaboram em outros, o sucesso particular dos players dar-se-á cada vez mais na capacidade individual de explorar melhor os benefícios propiciados pela Internet e pela TI, seja atendendo a velocidade exigida pela nova ordem do mercado, seja maximizando sua eficiência em agregar e fazer perceber valor em seus produtos e/ou serviços.