E Agora Apple?

O histórico de inovação, valor e resultados gerados pela Apple corroboram a tese de que Steve Jobs foi um grande empreendedor, mas também um dos principais CEOs desta década. Jobs mudou sensivelmente as indústrias de telefonia celular, fonográfica, de filmes e programas de TV, editorial, dentre outras.

No entanto, ele não será mais o líder da empresa, porque faleceu semana passada.

Qual o impacto disto para os colaboradores da Apple? E para seus consumidores e acionistas? Quais lições podemos extrair deste episódio? O objetivo deste artigo é analisar algumas destas questões.

 

Colaboradores da Apple: o histórico de inovação, perfeccionismo e adoração ao design deve continuar pois agora isto faz parte da Cultura Apple

O impacto da perda de Steve Jobs é, sem dúvida, negativo. No entanto, devemos nos lembrar que Steve Jobs não trabalhava sozinho. Entre seus principais ativos estão a capacidade de montar equipes e de incutir nelas uma cultura de inovação, perfeccionismo e adoração ao design.

Defendemos a tese de que um executivo de alta performance é aquele que é capaz de entregar simultaneamente (dentre outras coisas), resultados superiores para a empresa e formação de outros profissionais de alta performance. Acreditamos que Jobs tenha recebido crédito, indevidamente, somente por parte desta equação.

Afinal, alguns dos elementos do DNA de Jobs, associados à curva de aprendizado da empresa nos últimos anos, contribuíram para a formação de uma “cultura Apple”, muito particular e perceptível. Além disto, há cerca de 3 anos foi criada a Apple University, cujo dean é o ex-reitor da Yale School of Management, Joel Podolny.

Seu objetivo é escrever uma série de cases internos sobre as mais importantes decisões da Apple em sua história recente. O resultado deste trabalho pode ser conferido em uma matéria da Fast Company que afirma que “a Apple é sobre a construção de produtos maravilhosos, intuitivos, que mudam a vida das pessoas e que as pessoas amam.

” Desta forma, acreditamos que, pelo menos, no médio prazo veremos a continuidade do histórico de inovação, perfeccionismo e adoração ao design pelo time da Apple.

Consumidores & Concorrentes: assim como Roma, a Apple não foi construída em 1 dia… e tampouco será destruída em 1 dia

A adoração dos produtos Apple pelos consumidores é o resultado de um ecossistema complexo que inclui:

  1. Gestão exemplar dos Ativos Intangíveis como Marca e Inovação
  2. A marca mais valiosa do mundo em 2010
  3. Produtos de qualidade como iPod, iPad, iPhone, iCloud e afins
  4. Usabilidade superior, design diferencial, reusabilidade e redução de complexidades no centro da proposta de valor
  5. Canais de distribuição eficientes e valorizados (Lojas Apple Store, iTunes e parcerias com top varejistas ao redor do mundo)
  6. Visão de Mundo / Espírito / Jeito de Ser de Steve Jobs

Além disto, devemos ter como premissa que a equipe de colaboradores da Apple tenderá a dar continuidade ao seu histórico de alta performance, porque o espírito de Jobs está impregnado na cultura da empresa e repetidamente valorizado por seu atual CEO Tim Cook. Desta maneira, acreditamos que as vendas da empresa não deverão ser muito afetadas e os produtos continuarão a ser esperados ansiosamente e comprados rapidamente pelas pessoas, mesmo custando muitas vezes mais que os produtos concorrentes, desde que consigam ciclo a ciclo manter o nível histórico de qualidade associado aos produtos e tecnologias Apple.

Acionistas: o show deve continuar… Ou não?

Realizar previsões sobre expectativas de resultados para acionistas é sempre uma tarefa árdua. Paradoxalmente, a continuidade da performance dos colaboradores e a continuidade da demanda por produtos Apple não deverão ser suficientes para garantir a continuidade da valorização das ações da empresa, pois os “humores” do mercado acionário são altamente influenciados por outros fatores, dos quais destacamos dois.

O primeiro fator é a performance dos concorrentes, notadamente Google e Samsung (isto sem mencionar Facebook, Microsoft e Nokia).

Estes gigantes são adversários importantes e não economizarão esforços para conquistar parte do market share da Apple em seus respectivos mercados. O segundo fator é a questão do desempenho da economia.

Os resultados da Apple são cada vez mais dependentes das vendas para segmentos de classe média em países emergentes e, portanto, mais suscetíveis a uma possível desaceleração da economia.

E que lições podemos aprender disto? Plano de Sucessão, Gestão do Conhecimento e Ativos Intangíveis

A primeira grande lição que podemos tirar deste episódio está relacionado à continuidade do negócio. Sabemos que ninguém é eterno e, tampouco, insubstituível.

O sucesso de Tim Cook e dos novos produtos e tecnologias Apple nos próximos 18 meses determinarão se o plano de sucessão construído por Steve Jobs foi assimilado pelo mercado e, portanto, bem sucedido.

Além disso, a implementação de programas de Gestão do Conhecimento formam as bases que garantirão a continuidade dos resultados da Apple, assim como o cultivo do legado de Steve Jobs. A segunda grande lição está relacionada à Gestão dos Ativos Intangíveis.

A gestão da Apple tem sido brilhante em diversos aspectos, mas é indiscutível que a gestão de alguns de seus ativos intangíveis estratégicos, como Marca, Inovação, Design e Canais estão entre estes aspectos.

A terceira grande lição da Apple é a reinvenção. Afinal de contas, a empresa praticamente falida em meados da década de 1990 é hoje a companhia de maior valor de mercado no mundo.

Esta reviravolta foi alcançada com método e gestão, associados a uma forte liderança, brilhante e carismática, e a estratégias de inovação baseadas em ecossistemas altamente eficientes (vide I-Tunes-I-Pod), capazes de gerar riqueza com enorme rapidez.

Pense bem: houve mágica? O que a Apple atingiu nestes anos é impossível? Sua empresa teria condições de se reinventar desta forma?

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