Portal CanalTech – Março, 2014
A consultoria E-Consulting revelou com exclusividade ao Canaltech seu relatório 7 HotTechs, com as sete tendências tecnológicas que deverão se tornar demandas de mercado nos próximos dois a cinco anos.
Produzido desde 2003 pelo laboratório de pesquisa e análise da empresa, o relatório traz as tecnologias que devem começar a chamar a atenção de executivos, investidores e analistas de negócios de TI para que suas empresas se mantenham competitivas no futuro. “Não estamos usando como referência o que o CIO vai comprar neste ano, mas estamos olhando nos próximos anos quais serão as tendências que vão se materializar em demanda de fato”, afirmou o CEO da empresa, Daniel Domeneghetti, em entrevista ao Canaltech.
O levantamento é resultado de uma combinação de três metodologias complementares da empresa: entrevistas contínuas com CIOs e CEOs a respeito das intenções de apropriações tecnológicas de suas empresas, análises de tendências promovidas pela própria empresa e análise comparativa de tendências observadas por outros players de mercado global.
De acordo com Daniel, o relatório procura evitar as apostas tradicionais e assuntos já comentados amplamente pela indústria, mas tenta focar em tendências que surgem como desafios para empresas do setor e ainda trazem algumas incertezas para executivos tomadores de decisão, como CIOs, CFOs e CEOs. “Em geral, não são conceitos e tecnologias para adoção imediata em larga escala, mas sim para o estudo sobre o potencial emprego no médio prazo e sobre como fazer isso, quais suas implicações, restrições e seus benefícios”, afirmou.
1) SelfApps
Entre as frentes tecnológicas selecionadas neste ano estão, uma das principais apontadas pela E-Consulting é uma espécie de “segundo estágio” da tendência do Bring Your Own Device (BYOD), aplicada em larga escala. De acordo com a consultoria, a tendência, apelidada de SelfApps, surgirá através da expansão acelerada de cloud e de softwares, infraestrutura e aplicações como serviço, o que levará o usuário não só a usar seus próprios dispositivos em ambientes aplicativos, mas seus próprios aplicativos customizados.
“[A tendência] tem um contexto de personalização, ou seja, o usuário vai passar a formatar o próprio aplicativo. Ele não só fará o download de apps preexistentes, ele co-construirá novos aplicativos”, afirma o CEO. “É um processo colaborativo de construção de aplicativos”. Segundo Domeneghetti, a tendência trará novos desafios de segurança para empresas, que deverão descobrir uma maneira de enfrentar desafios de aumentar níveis de segurança para garantir governança, ao mesmo tempo que deverá flexibilizar seus ambientes para aumentar sua capacidade transacional. “A empresa vai ter que fazer uma escolha, você pode ser mais flexível e correr mais riscos, ou ser menos flexível e perder capacidade de informação”, explica.
2) Cloud colaborativa
A característica de colaboração através de troca de informações deverá atingir as empresas nos próximos anos, que deverão adotar clouds públicas e privadas como forma de compartilhar aplicações e disponibilidade entre sua cadeia de suprimentos, conforme a ideia de migrar ativos para a nuvem for amadurecendo entre as empresas. “A partir do momento que eu tenho uma cadeia de suprimentos ou de valor, eu posso ter um aplicativo na nuvem onde eu integro o modelo com meu fornecedor e trabalho em cloud. Cada vez mais serão plataformas compartilhadas nas cadeias”.
Em 2014, a consultoria estima que mais de 40% das organizações vão passar pelo menos um centro de dados da empresa para o cloud público. E dentre as 500 maiores, pelo menos 35% estarão operando em cloud corporativos privados. De acordo com Domeneghetti, esse compartilhamento de aplicativos, soluções e plataformas das grandes empresas com suas cadeias também terá o efeito colateral positivo de expandir o uso de cloud entre pequenas e médias empresas.
3) Organização do Big Data
O Big Data já é uma tendência que foi muito falada durante 2013, mas continuará sendo um desafio para empresas nos próximos anos. De acordo com o levantamento da E-Consulting, grande parte das companhias que já aplica ferramentas de inteligência de dados em seus ambientes ainda não sabe como utilizá-las de maneira efetiva.
O relatório aponta que muitas empresas ainda têm dificuldades para lidar com as chamadas narrow data de seus sistemas, que envolvem ferramentas como BI, CRM, Call Center e E-Commerce, e não conseguirão lidar com dados desestruturados sem resolver essas questões antes.
Apesar de ser um processo caro, Domeneghetti afirma que 2014 é o ano limite para empresas começarem a organizar seus dados em legado, CRM e outros ambientes. “As empresas têm feito isso nos últimos 30 anos ‘na raça’, criando sistemas interdependentes”, explica. “Elas têm que reescrever sua arquitetura inteira como serviço que possa componentizar a informação e entenda tudo de maneira inteligente. Do contrário, elas vão ser desconectadas do mercado”.
Daniel Domeneghetti, CEO da E- Consulting (foto: Divulgação)
4) Estratégia multicanal
O quarto ponto é que companhias cada vez mais foquem seus esforços em se tornem multicanais no relacionamento com seus públicos, conforme seus clientes e possíveis clientes também se tornem multicanais. “O cliente é simultaneamente loja física, SAC, mobile, rede social e e-mail”, afirma o executivo. “Como as empresas não têm visão única do cliente, elas ficam fazendo pluricanalidade, que é experimentar vários canais desconectados, criando confusão interna e aumentando o custo por cliente”.
Para a consultoria, as companhias precisam fazer todos esses ambientes conversarem, integrando as diversas plataformas legadas ou não com seus sistemas e aplicações e abrindo um espaço para a criação de ambientes e tecnologias capazes de garantir qualidade, controle, uniformidade.
5) A Web Humana
Uma das tendências já bastante discutidas neste ano é a chamada Internet das Coisas (IoE), que afirma que cada vez mais dispositivos conectados à internet deverão fazer parte do nosso dia-a-dia, comunicando-se em rede de forma independente de usuários. O levantamento da E-Consulting leva a tendência para outro lado, e sugere que os próprios usuários também deverão se tornar dispositivos, em uma rede apelidada de humanweb. “Você não será mais um usuário da web, mas fará parte da estrutura da web”, diz o analista. “A informação circula por você”.
Domeneghetti explica que veremos que cada humano é potencialmente um ativo online de informações digitais. Cada pessoa conectada passará a ser um elo na arquitetura das redes de informações, potencializando o acesso instantâneo à informação, captando-a, traduzindo-a e disseminando-a para outas pessoas. Para a consultoria, o ponto mais importante desse fato é que cada pessoa passará a ser um possível criador de novos insights sobre a informação que consome, tornando-se um produtor de informação e dando sequência à rede de dados através de seu uso.
6) Organizações dirigidas por consumidores
Um dos resultados do item anterior é que cada vez mais corporações deverão colocar o consumidor no centro de suas operações, pressionadas pela força de ferramentas online de feedback como redes sociais, que forçam empresas a mudar seus comportamentos baseadas na opinião pública de clientes.
“Não adianta eu falar que sou guiado pelo consumidor e tomar as decisões de dentro para fora”, afirma Domeneghetti. “Isso muda completamente as membranas corporativas, vou ter que ser mais voltado para o mercado, mais aberto à entrada e saída de informação e mais colaborativo, móvel e convergente”.
Na opinião do analista, fazer pesquisas com o consumidor ou promover interações com a marca em redes sociais não significa que empresas estão colocando o cliente dentro da cadeia de valor. “[A cadeia de valor] não pode ser uma linha que leva até o consumidor, deve ser um ciclo que inclui o consumidor”, explica.
7) Mudança organizacional da TI
Por fim, todos os pontos do levantamento levam a uma das características principais que devem influenciar empresas no próximos anos, que é a mudança organizacional das equipes de TI dentro das companhias. De acordo com o executivo, é necessário que as organizações viabilizem mais eficiência dentro de seus ambientes, como forma de reduzir custos, mas continuar operando inovações que atingirão essas empresas nos próximos anos.
De acordo com o estudo, será a arquitetura operacional proporcionada pela TI que determinará a eficiência do modelo de negócio das empresas e sua capacidade de integração e colaboração com sua cadeia de valor, especialmente os clientes.
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