Compra em sites chineses vira febre entre brasileiros

Jornal Hoje em dia, julho, 2013

Toninho Almada/Hoje em Dia

Compra em sites chineses vira febre entre brasileiros

Alice Paiva abastece sua loja comprando em sites chineses, mas não passa número do cartão de crédito

Os brasileiros embarcaram numa nova onda para comprar importados chineses: ao invés de esperar os produtos chegar nas lojas, eles vão até eles na China.

Mas, apenas pela internet. Sites do país oriental oferecem uma infinidade de produtos com ofertas irresistíveis e um diferencial que estranha – mas agrada – os compradores: não há cobrança de frete.

Algumas das bugingangas – que vão desde xampus e lingeries até tablets e acessórios para carro – chegam a custar menos de um terço do valor de similares encontrados no Brasil.

O professor de economia do Ibmec, Mauro Rochlin, explica que a razão de preços tão diferentes está em mais de um fator. “Um é a taxa de câmbio, porque a do Brasil é muito favorável para as importações, e a da China, para as exportações”, explica.

Outro motivo é a mão de obra barata da China, principalmente quando é intensiva. “A altíssima escala de produção, que dilui custos, também conta para que o produto seja vendido a baixo preço”, diz Rochlin.

Frete

O professor acredita que a propaganda de não cobrar frete seja apenas estratégia para atrair o consumidor, e que o preço do envio para outros países já esteja embutido no valor dos produtos. Para Rochlin, deixar claro que não há cobrança de frete faz parte do modelo de negócio dos sites chineses.

“O comércio eletrônico já é visto como uma alternativa para comprar mais barato. Em se tratando de sites chineses, a prerrogativa é de que tem que ser mais barato ainda”, diz.

Essa nova maneira de comprar é uma tendência que vai se consolidar, na opinião do sócio-fundador da E-Consulting, empresa especializada em comércio eletrônico, Daniel Domeneghetti. Ele acredita que, por oferecer produtos a preços tão baixos e com prazos de entrega dentro dos padrões, o consumidor brasileiro se arrisca na compra, mesmo sem ter garantia de como e quando vai receber.

“Além da venda direta em lojas virtuais chinesas, também vai ser cada vez mais comum o uso de canais nacionais já consolidados, como o Mercado Livre, para a oferta desses importados. E a transação financeira fica entre o site chinês e o cliente”, diz.

Volume

Domeneghetti explica que, como as empresas são estrangeiras e a contabilidade delas está lá fora, não há como medir o quanto esse mercado movimenta no comércio eletrônico. Mas, a partir do ano que vem, ele vai iniciar esse estudo em parceria com sites. “Talvez essa nova prática represente cerca de 1% do comércio eletrônico no Brasil, mas creio que vá aumentar significativamente”.

Domeneghetti faz compras com frequência nesses sites para testar o serviço. Ele esclarece que importar produtos chineses diretamente do site não tem nada a ver com contrabando ou pirataria.

“A diferença é que trata-se de uma importação de pessoa física comprando diretamente de uma pessoa jurídica”, diz.

Os produtos vêm com nota fiscal e sofrem a tributação chinesa. Caso as compras ultrapassem os US$ 50, passam a ser tributadas também no Brasil pela Receita Federal, com o IPI e o ICMS, o que pode encarecer os produtos em até 60%.

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