Nos últimos anos, temos nos proposto a discutir de maneira sistemática como as novas tecnologias da informação auxiliam na modelagem e na aceleração do principal diferencial competitivo das empresas e indivíduos: o conhecimento aplicado.
Cada vez mais, entendemos que as organizações serão organizações do conhecimento, formadas por trabalhadores do conhecimento (knowledge workers), inseridas em sociedades e mercados do conhecimento, na Era do Conhecimento.
Na nossa visão, ativos intangíveis, como o conhecimento, a marca, o modelo de negócios e inovação, a rede de relacionamentos, o padrão de governança e a cultura corporativa (só para citar alguns) são os únicos ativos realmente próprios e exclusivos de cada empresa, de certa maneira inimitáveis ou muito difíceis de copiar.
O gerenciamento do conhecimento parte da premissa que todo conhecimento existente na empresa, na cabeça das pessoas, nas veias dos processos e no coração dos departamentos, pertence à empresa. Para que isso seja verdade factível, este conhecimento deve ter portabilidade; ou seja: para ser da empresa, deve transformar-se em pacote, rotina, modelo, saindo da cabeça das pessoas e tornando-se utilizável e reutilizável por outras pessoas.
Desta forma, este conhecimento é uma espiral evolutiva; não é finito ou imutável e nem pré-determinado. A cada interação/colaboração entre os diferentes agentes (cérebros), ele evolui, criando a tal learning-organization de fato, pois parte da premissa que todo conhecimento deve estar disponível na empresa, pois esta aprende com sua evolução.
Gerenciamento do Conhecimento significa, portanto, organizar e sistematizar, em todas as suas relações, relacionamentos e trocas, a capacidade de uma empresa de captar, gerar, criar, analisar, traduzir, transformar, modelar, armazenar, disseminar, implementar e gerenciar a informação que flui por sua organização, tanto interna, quando externa, transformando-a efetivamente em conhecimento, distribuindo-a (ou tornando-a acessível) de maneira personalizada para quem de interesse. Neste cenário, as fronteiras das empresas devem ser como membranas, finas, seletivas, mas abertas, permitindo fluidez e renovação.
A matéria prima desse conhecimento estruturado, o que passa por essa membrana, é a informação. Entendemos, porém, que informação, por si só, não é vantagem competitiva. O fluxo de informações e o seu alcance passam a ser cada vez mais pré-requisitos para as empresa do mundo digital. Mas, como qualquer tesouro, só tem valor para quem alcança, sabe e consegue usar.
Uma das poucas certezas que temos hoje em dia, no que diz respeito à reorganização de processos e fronteiras das empresas, é que essas serão feitas a partir da Internet. E nesse ponto, tecnologias como SOA, virtualização, webservices, web2.0 e padrões de mobilidade e convergência passam a compor a filosofia/arquitetura que possibilitam essa reorganização de maneira mais lógica e knowledge-oriented.
Apoiadas pelas maiores empresas de software do mundo e por uma horda de usuários/colaboradores/co-criadores/co-desenvolvedores, estas tecnologias – as tecnologias do conhecimento (TC) – prometem um novo nível de compatibilidade entre plataformas tecnológicas, cada vez mais base dos processos e rotinas operacionais das empresas.
Dentro de pouco tempo, os desenvolvedores construirão aplicativos apenas reunindo diversos componentes de software distribuídos pela Internet e facilmente acessíveis a todos. Esses componentes de software pretendem causar uma grande evolução no desenvolvimento de software, fazendo com que os profissionais priorizem a modelagem da aplicação e partam para a busca dos componentes para sua montagem, diminuindo sensivelmente o tempo de desenvolvimento e, conseqüentemente, o time-to-market da aplicação.
Assim sendo, acreditamos que as tecnologias do conhecimento serão em boa parte as grandes responsáveis pela transparência cada vez mais real entre TI e Operações nas empresas, isso tudo acontecendo sob o manto do alinhamento TI-Estratégia e das boas práticas de Governança e padrões de normatização e segurança.
Com essa arquitetura, todo poder de modelagem de regras de negócios (inteligência) dos aplicativos estará nas mãos do usuário final, uma vez que, a partir do ambiente distribuído formado pelos componentes de conhecimento em formato tecnológico, conseguirá ele próprio modelar suas aplicações de maneira muito simples, definindo parâmetros e premissas para os dados/informações existentes em seu KM.
Isso quer dizer que o usuário estará automaticamente extraindo e depositando no datawarehouse/KM, nos databases da empresa e nos demais aplicativos gestores de conhecimento, como CRM e BI, o conhecimento específico de sua área/função, de maneira interativamente evolutiva. E isso muda tudo, pois confere ao conhecimento alto teor de portabilidade. TC é sobre isso. Portabilidade com profundidade, acurácia e prontidão para uso anytime-anywhere.
Com isso, essa informação qualificada aplicada – o conhecimento corporativo -, passa a ser um ativo da empresa e não mais um suporte à tomada de decisão. A empresa passa então a competir sem fronteiras e sem amarras para captar e disseminar seu conhecimento em todo seu value-chain (cadeia de valor).
Por fim, como entusiastas dessa visão de empresas definidas por membranas em uma teia de negócios e não por posições estáticas em uma cadeia linear de suprimentos, acreditamos que o conhecimento aplicado corretamente, com diferenciação, passa a ser a principal arma de competição no mercado. É a partir dele que os paradigmas são quebrados e que surgem as novas tendências, que quando antecipadas, se transformam em inovações e geram barreiras competitivas e, portanto, vantagens competitivas aos que primeiro as entenderem.
Se nos permitem uma analogia final: se o conjunto de nossos cérebros e sua produção são as balas que as empresas têm para tentar aniquilar os adversários na conquista por maiores espaços mercadológicos, então enxergo essa nova TI, a TI do conhecimento (ou TC), como o gatilho para que o tiro seja rápido e certeiro.