Executivos Financeiros – Maio, 2015
TI não deve ser vista como área de suporte, mas sim como “core business”
Não é de agora que a melhora da eficiência operacional ganhou “status” de diretriz geral entre as organizações bancárias no Brasil, as quais não vêm economizando esforços a fim de conter custos e otimizar o uso dos recursos disponíveis. No entanto, estas metas precisam estar acopladas à busca permanente pela inovação, aportando benefícios diretos para os negócios.
Neste particular, Daniel Domeneghetti, sócio-fundador da E-Consulting Corp., lembra que, a curto prazo, o aprimoramento da eficiência implica normalmente a definição de itens como investimentos, custos, recursos, orçamentos e prioridades. Mas esse passo, por si só, não é suficiente, adverte ele: “No médio prazo, isso pode retroceder estrategicamente e ficar míope. Então a inovação tem de ser o outro pilar a perseguir. Cabe ao CIO compreender como pode liberar dinheiro preso ganhando eficiência, com o intuito de financiar a inovação e a busca pela diferenciação”.
Indo mais longe, o entrevistado salienta este é o caminho para transformar a TI, conectando-a aos objetivos de negócio e ao resultado final da organização. “A TI será cada vez mais ‘bottom line’ e não somente meio. É preciso afastar esta área dessa visão exclusiva de suporte e transformá-la também em ‘core business’, com metas claras como um setor ‘core’. Para atingir essa dinâmica, a TI tem que estar vinculada ao resultado. Não há outro caminho”, observa ele.
Como, em geral, o CIO ainda é visto, erroneamente, como “homem de suporte” e não “homem de negócio”, muitas vezes ele se vê pego de surpresa com cortes indiscriminados em seu departamento. Porém, ressalva o especialista, a verdade é que fica difícil defender uma decisão contrária quando o próprio CIO não consegue explicar como a TI – e seus investimentos, custos, processos, padrões, etc – impacta os negócios, ajudando a empresa a competir em cenários mais complexos, como o que se vive hoje.
Situando a discussão em outros termos, o desafio atualmente colocado para as instituições financeiras é o de conciliar o escopo de abater dispêndios e, ao mesmo tempo, incrementar receitas, agregando valor aos negócios-fim.
De saída, a definição de metas de contenção nos gastos ajuda a melhorar os ganhos, pois é preciso cortar os custos irrelevantes e manter tudo o que potencializa os resultados. “Para fazer isso, tem de haver um legislador que estabeleça o que é prioridade. Desse modo, governança é uma função chave”, assinala Domeneguetti.
É imprescindível, esclarece ele, “proteger e manter o que é mais estratégico, defendendo com e na linguagem do negócio esse imperativo de continuidade de negócio que está nas mãos da TI e na sua capacidade de se tornar a válvula de escape para se obter ganhos de eficiência e geração de inovação de valor. Esse papel é insubstituível e está conectado efetivamente à área tecnológica”.
Do ponto de vista, especificamente, do parque e da arquitetura de TI, cabe garantir que as plataformas e soluções adotadas sejam realmente flexíveis, escaláveis e seguras, além de se zelar pela boa gestão de riscos e pelo cumprimento dos requisitos regulatórios.