Até a McKinsey Está Estudando a Web 2.0

A consultoria McKinsey realizou recentemente a pesquisa global “Building the Web 2.0 Enterprise”, com cerca de 2.000 executivos de empresas de diversos setores e países sobre o grau de adoção, estratégias de uso e resultados trazidos pelas ferramentas de Web 2.0. O contexto delineado no estudo traz algumas conclusões significativas:

  • O número de empresas e o grau de adoção de ferramentas 2.0 como Web Services, Blogs, RSS, Wikis, Podcasts e Redes Sociais cresceu de 2007 para 2008.
  • O uso das ferramentas 2.0 acontece mais internamente do que externamente. Porém, iniciativas de uso de ferramentas de colaboração 2.0 para abrir as fronteiras corporativas para a atuação de consumidores e demais stakeholders são disrupturas significativas.
  • Apenas 21% dos entrevistados disseram estar satisfeitos com os resultados e benefícios das ferramentas e 22% se declararam insatisfeitos com os resultados.
  • Apesar da dificuldade de se perceber os benefícios decorrentes, o uso de tais ferramentas como forma de aprimorar práticas gerenciais e remodelar estruturas organizacionais é uma abordagem que traz mais e melhores benefícios para as empresas entrevistadas.

Toda vez que empresas como a McKinsey se arvoram a estudar conceitos que estão há quilômetros-luz de distância de sua prática diária, as conclusões podem ser peculiarmente intrigantes. Pensar em McKinsey estudando Web 2.0 é mais ou menos como imaginar o Google pesquisando a performance das companhias nas bolsas de valores ou apontando as melhores práticas de governança corporativa para empresas do setor de papel e celulose. Mas pequenos desvios de core-business a parte, o que interessa é que o tema Web 2.0 está se tornando cada vez mais corporativo… e isso é muito bom.

Um breve research paralelo nos permite mostrar outras oportunidades e inovações que as empresas desempenham em ambientes como comunidades (MySpace) e microblogs (Twitter).

Quando se pensa na participação de empresas em comunidades de usuários o ceticismo reina. Invariavelmente, associamos o termo comunidades a serviços como o Orkut e aos perfis de usuários com dosagens extremamente pessoais que não convém às empresas partilhar. Porém, o MySpace se tornou mais do que uma rede social do Eu.S.A; tornou-se um ambiente com presença de empresas e organizações com focos claros de atuação.

Quem diria que, dentre as formas mais criativas de exploração corporativa do MySpace está a de um banco: o Wells Fargo. Um dos maiores bancos de varejo dos EUA, o Wells Fargo possui um avatar no MySpace que incentiva o relacionamento e discussão de temas “sérios” e “delicados” dos serviços financeiros de uma forma descontraída e mais próxima dos consumidores (correntistas do banco ou não).

Mesmo que este possa ser enxergado por muitos como um espaço pouco adequado, o simples fato de estar presente é um impulsionador para quebrar barreiras e levar o usuário aos demais locais e ambientes de presença da empresa na Web, tais como sites, hot-sites e blogs.

O serviço Twitter, microblog que é febre entre internautas antenados e que tem como principal função disponibilizar informações em tempo real para a Web, aos poucos começa a ser incorporado às atividades das empresas. Não seria surpresa encontrar as principais redes de notícias como a BBC dentre as adeptas.

Já as companhias tradicionais têm uma visão mais pontual do uso do Twitter para a cobertura de eventos ao vivo, tais como palestras, workshops, apresentações e eventos em geral com foco em disseminar as informações tratadas em tempo real, tanto para o público interno como para o público externo. Está aí uma oportunidade a ser considerada

Estas constatações e fatos apenas corroboram a tese de que as empresas percebem valor e relevância em participar do mundo da Web 2.0, mesmo que ainda de forma tímida ou sem relevância. Porém, as incertezas, medos e dúvidas que existem provêem em grande parte de mitos corporativos tais como “Estar na Web dessa forma é muito arriscado”, ou “Não podemos expor a marca e reputação da empresa”, mitos esses incentivados por experiências mal sucedidas de empresas que não souberam respeitar as regras deste novo ambiente – essencialmente transparência e respeito em qualquer interação com os usuários.

A experiência é a melhor conselheira e contar com o suporte de uma empresa parceira que conheça os meandros e as melhores estratégias é essencial para evitar tropeços no meio do caminho e potencializar todas as oportunidades que um ciclo virtuoso de interação, colaboração, relacionamento e fidelidade entre empresas e clientes através das tecnologias da Web 2.0 podem gerar.

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