A Telecom na Era dos SVAs

As operadoras de telefonia móvel têm como um de seus principais desafios a rentabilização de sua operação pela utilização/consumo dos SVAs (Serviços de Valor Agregado) por parte de seus clientes, uma vez que as receitas advindas pelo tráfego de voz oferecem margens reduzidas e não oferecem diferenciais significativos face a seus concorrentes.

Serviços de valor agregado, como são chamados os serviços de vídeo, aplicativos móveis, envio de fotos, e-mails e SMS (ou seja, toda a gama de serviços que hoje se encaixa debaixo do guarda-chuva da convergência digital), constituem o grande foco de esforços para uma maior utilização do potencial que a comunicação e entretenimento móvel possibilitam (almejando aumento de fidelização de clientes, de ticket médio e, portanto, de rentabilidade).

De acordo com pesquisa realizada pela Nielsen no mercado de telefonia móvel no Brasil (no final de 2008), constatou-se que 19% dos usuários utilizam serviços de valor adicionado (SVA), contra 16% dos assinantes que usam o celular apenas para fazer e receber ligações e outros 28% utilizam voz e mensagem de texto somente.

Percebe-se que o grau de penetração dos serviços de maior valor agregado ainda representa uma pequena parcela dos usuários de telefonia móvel no país, muito em função de um processo de conhecimento e relacionamento com tecnologias novas, que ainda geram dúvidas e incertezas quanto a sua utilização, principalmente nas gerações pré-internet, como nos valores cobrados pela utilização destes serviços, que, se por um lado precisam de escala para que sejam barateados, por outro o incentivo a sua utilização pode se utilizar de tarifas e promoções especiais para que se tornem corriqueiros e usuais dos seus clientes.

O fator renda, poder aquisitivo, sem dúvida, constitui-se em variável decisiva para o dimensionamento do potencial de utilização dos serviços de valor agregado, ainda de acordo com o estudo realizado pela Nielsen. Daqueles que estavam mais habituados a utilizar os serviços SVAs, 90% têm DVD; 70% CD player; 51% mp3 player; 47% desktop; 46% câmera digital; 38% console de videogame; 10% notebook e 4% celulares 3G. Ou seja, o poder aquisitivo, assim como uma natural tendência à utilização de outros dispositivos mais tecnológicos, mostra correlações interessantes para a constituição de clusters de clientes que possam vir a ser uma primeira grande massa de usuários (early adopters e hard users, por exemplo).

Porém, os dados da pesquisa mostram que os usuários de SVAs que pertencem à classe C constituem 45% deste total, contra 33% da classe B e 7% da classe A. Podemos inferir que os fatores aspiracionais relacionados à utilização do potencial de seus aparelhos celulares, assim como outros fatores relacionados a perfis de early adopters, porém dificilmente constituindo-se em hard users, possam explicar esta teórica discrepância.

Outro fator de incentivo a utilização dos SVAs constitui-se na crescente oferta de aparelhos mais sofisticados em termos de tecnologias embarcadas e com interfaces cada vez mais amigáveis, de fácil compreensão e uso. Muitas destas tecnologias e facilidades embarcadas, a princípio, podem não gerar aumento de tráfego na rede das operadoras; porém constituem-se em importantes aplicativos que podem vir a utilizar a sua rede de dados. Das pessoas entrevistadas, 37% usam voz, SMS e também funcionalidades embarcadas no celular e que não demandam conexão de rede, como câmera, MP3 player, agenda etc.

Com o crescimento e “popularização” do acesso móvel a Internet (3G), seja pelo celular ou por notebooks, verifica-se também um grade potencial de utilização de serviços e aplicativos antes restritos a extensão de seus cabos de conexão ou ao limite de paciência de seus clientes para um acesso a Internet via seus aparelhos celulares.

Sem dúvida, a convergência digital tem seu palco, atualmente, no mercado móvel. A mobilidade propiciada pela infra-estrutura e serviços das operadoras, assim como pelo avanço tecnológico e de usabilidade proporcionada pelos vendors de aparelhos e dispositivos, são uma via sem volta. Onde chegaremos com isso é um exercício de imaginação, ou melhor, de mercadologia e consumo.

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