A democratização da tecnologia móvel (wireless) e a convergência de mídias irão mudar ainda mais o nosso modo de viver e trabalhar. O potencial de mercado de ambas – e de sua combinação – é imenso, bem como os desafios que as empresas enfrentarão à medida que procurarem capitalizar-se no potencial das novas oportunidades trazidas pela Internet móvel e convergente.
Para ter sucesso no mundo sem fios, a estratégia móvel de uma empresa precisa fazer parte de sua estratégia corporativa, ou seja, de um sistema integrado de negócios e relacionamentos que engloba todos os seus canais de comunicação e rede de contatos com os agentes de sua cadeia de valor.
A revolução wireless está se permeando entre nós ainda timidamente, guiada por uma explosão de novas diretrizes e tecnologias que foram, uma vez, o mundo da ficção científica e de seus heróis. Os telefones celulares, palm-tops, handhelds, laptops e as redes sem fios fazem a Internet virtualmente acessível em qualquer lugar, a qualquer momento.
Hoje isso já é relativamente possível, mas amanhã teremos a Web realmente transparente, presente nos mais diversos gadgets, praticamente como uma “utility”, perceptível somente quando em falta, como já ocorre com a energia elétrica e o gás, por exemplo.
Neste momento, quando tudo estiver online, cada empresa será um nó ativo no fluxo online e instantâneo de informações. Por este nó de rede passarão os impulsos informacionais. É mais ou menos como se cada empresa, e todos os seus devices, fosse um elo na arquitetura da mega rede de informações, assim como os computadores online já o são.
A empresa digital terá acesso instantaneamente à informação, captando-a, traduzindo-a, disseminando-a, mas, principalmente, criando novos modelos de negócio, novos formatos de interação e transação, gerando conhecimento, deixando suas pegadas, tornando-se, ela própria, informação nesta rede, organizada em cadeias, comunidades e clusters. Analogamente, é como se cada empresa, nesta rede de informações, fosse similar a um poste de energia elétrica na rede de distribuição e gerenciamento de energia.
Mas o fato é que a Internet wireless corporativa cresce, mas ainda derrapa no país.
Nós, da E-Consulting Corp., sempre acreditamos que a Internet corporativa no Brasil não seria um “boom” (o que, de fato, não foi) e que a mobilidade do padrão Internet, atingindo celulares, smart-phones e handhelds, possibilitando modelos diferentes de acesso e consumo de serviços e aplicativos IP (tais como IT as a Service e Webservices), bem como sua convergência com outras mídias (TV Digital, por exemplo) e a tecnologia VoIP (Voice Over IP) seriam 3 das alavancas capazes de acelerar o processo de democratização ao acesso da rede em larguras de banda mais robustas (a banda larga no Brasil ainda é muito cara) e, portanto, de proporcionar a inclusão empresarial das PMEs e dos prosumers, que, historicamente, não o fizeram via PCs tradicionais.
Outras dificuldades também se mostraram presentes neste processo de inclusão empresarial nacional, tais como a cultura e conhecimento do empresariado brasileiro acerca dos benefícios e possibilidades trazidos pela Internet móvel, os altos custos de aquisição e manutenção destes serviços junto às operadoras de telecom, a dificuldade histórica de acesso a crédito, a baixa penetração relativa de PCs, algumas particularidades tributárias, dentre outros fatores que, apesar de minimizados nos últimos 3 anos, foram responsáveis por atrasar o processo de massificação da Web corporativa móvel no país.
O acesso à Internet via wireless demanda compreensão mais profunda de possibilidade e formatos por parte das empresas. No mundo wireless, o e-commerce transforma-se em mobile commerce, ou m-commerce. O e-business, em todas as suas facetas, torna-se m-business, um desafio árduo para empresas que apenas recentemente trouxeram seus produtos e serviços para o mundo online.
O mundo mobile envolve um novo conjunto de considerações de estratégias, modelo de negócios e relacionamentos, design de processos e tecnologia, principalmente na apresentação de IHMs (interfaces homem-máquina), pois a reduzida capacidade de transmissão/recepção e armazenamento dos devices portáteis ainda inviabiliza grande parte das aplicações tradicionais.
Além das questões humanas e culturais, mais fortemente verificadas nos países de cultura latina, e das questões de infra-estrutura citadas, cabidas principalmente aos países em desenvolvimento, ainda existem outros componentes responsáveis pela dificuldade de penetração da Internet móvel nas corporações.
Dentre elas, destacamos o fato da tecnologia wireless estar, atualmente, sujeita a inconvenientes para os usuários, como telas minúsculas dos celulares e palms, lentidão na inserção de dados, curto tempo de vida das baterias, tempos intermináveis de download, etc. Ainda hoje, o completo e vasto universo da Internet fixa, com poder de visualização privilegiada e conteúdos multimídia potencializados em banda larga, está muito longe da realidade do mundo wireless.
O cenário efetivamente deve mudar com a popularização da tecnologia de terceira geração, promovendo acesso always-on e velocidades de transmissão maiores.
Atualmente, os recursos móveis estão mais aderentes a transações rápidas, entretenimento, mensagens rápidas, alarmes e pequenos bits de informação ultra-importante. Igualmente, estão razoavelmente palatáveis as cotações de ações e índices de comportamento dos mercados, acesso a e-mails, leilões, jogos, compras online de produtos conhecidos e acesso à informação específica, como as presentes em Intranets das empresas.
Como em toda mídia de espaços restritos, menos é mais no mundo wireless e a arquitetura de navegação deve proporcionar o difícil e tão sonhado privilégio da visualização adequada e dos cliques mínimos.
Acreditamos que a grande sacada do wireless será obrigar o replanejamento e a re-arquitetura dos serviços disponíveis na Internet – não só para beneficiar os recursos wireless, mas também para apoiar uma demanda de outros serviços – incluindo aplicações de network, Cloud e Web 2.0. E não só na Internet, mas nas Intranets e sistemas internos, tanto operacionais quanto utilitários. Os usuários se habituarão a utilizar as interfaces simples e diretas dos dispositivos wireless e reclamarão de qualquer interface que não seja tão amigável.
Nos próximos anos podemos esperar por maiores vantagens advindas da tecnologia wireless, renovando-se em ciclos de seis/nove meses, como as tecnologias maduras.
Ao mesmo tempo, o crescimento da banda larga, da Web 2.0, dos novos modelos de TI, como Cloud Computing, e os avanços na TV Digital irão gerar melhorias dramáticas nos serviços, conteúdos, performance e acessibilidade da Internet convergente. Para quem quer experimentar a hora de avançar é agora, porque apesar de derrapar, a Internet móvel acelera e certamente vai deixar para trás aqueles que ignorarem seu potencial, principalmente quando se trata de negócios para empresas com menor capacidade de investimentos, como as PMEs.