A gestão da cadeia de suprimentos tem sofrido diversas mudanças e evoluções ao longo do tempo. Particularmente nos últimos anos, com o surgimento da Internet, acompanhamos mudanças e quebras de conceitos, paradigmas e modelos de negócio a uma velocidade inquietante e em curso irreversível.
A orquestração das variáveis de oferta, demanda, estoques, logística, recursos e suprimentos passa a ser impositiva não somente no ambiente intra-empresa, mas também em seu entorno transacional, com todos os agentes da cadeia de suprimentos e valor da organização. Nessa nova ordem, cabe às empresas construírem modelos ótimos e adaptados em função de características e particularidades que compõem os fatores críticos para um melhor desempenho das redes de negócios que participam.
Como principais inibidores à evolução e formação mais rápida e rica destes ambientes/redes de relacionamento e colaboração corporativa temos elementos como a heterogeneidade dos estágios tecnológicos das empresas, a falta de investimentos e maturidade em processos e a fragilidade e/ou pouca atenção dada ao treinamento e agregação de conhecimento aos colaboradores em seu processo de adoção de novos aplicativos, sistemas e formas de realização de suas atividades profissionais.
Independentemente do setor de negócios, a atividade de distribuição, em específico, vem sendo impactada diretamente pela Internet, seja em uma empresa que comercializa e entrega produtos tradicionais, seja em uma empresa que entrega informações (ex. Sites, webcasting, etc), músicas (download), SACs, serviços bancários etc. Atualmente, se tudo pode ser movimentado e transacionado pela Internet, o que é digital pode ser entregue e consumido pela Web.
Neste contexto, é premente que se consiga atingir o nível máximo de integração, cooperação e eficiência entre os players que compõem uma determinada rede ou cadeia de valor. Mais do que isso, é imperativo que esse ecossistema tenha como meta estar o mais próximo possível da velocidade da Internet em suas transações… ou seja, quase 100% just in time.
Podemos assim inferir uma nova dinâmica concorrencial: a disputa entre cadeias e não somente entre empresas, envolvendo estratégias competitivas que vão desde o monitoramento de pontos fortes e fracos das cadeias de valor concorrentes até a criação de barreiras de entrada e criação de custos de troca entre cadeias.
Avaliando os resultados da pesquisa “Panorama do Supply Chain no Brasil – Cenário 2007″, desenvolvida pelo Inbrasc (Instituto Brasileiro de Supply Chain), podemos concluir que as empresas nacionais ainda estão muito aquém das economias mais desenvolvidas e do estágio de integração existente nas cadeias de empresas multinacionais, principalmente no que se refere à excelência em gestão e eficiência operacional de nossas redes de negócios.
De acordo com a mesma pesquisa, tanto o CPFR (Planejamento, Previsão e Reabastecimento Colaborativo), quanto o S&OP (Planejamento de Vendas e Operações) são utilizados por 64% das multinacionais. Isso representa quase o dobro do que ocorre nas empresas de capital local, que totalizaram apenas 35% das organizações. 80% das companhias de origem internacional repõem automaticamente os estoques, tanto dos clientes quanto dos fornecedores, enquanto somente 20% das nacionais modernizaram esta atividade.
O RFID – método de identificação automática através de sinais de rádio, que recupera e armazena dados remotamente por códigos de barra – ainda não é prioridade para a maioria das empresas nacionais. Já sobre a localização dos produtos no estoque, o RFID foi ainda menos expressivo, obtendo apenas 4% das indicações. A leitura por código de barras foi mencionada por 48% dos entrevistados, a digitação no sistema por 43% e a telemetria por apenas 1%.
O fato positivo é que, apesar deste cenário, o estudo projeta um crescimento de 23% no investimento em TI aplicada à logística em 2008. Isso é fundamental, porque a tecnologia da informação, hoje praticamente 100% web-based, é ativo fundamental para a criação de modelos de redes eficientes, competitivas e integradas, abrangendo tanto colaboradores e áreas internas, quanto parceiros externos.
Neste novo ambiente, o dia a dia operacional está cada vez mais ameaçado de ruptura, sendo substituído pela tecnologia e por processos automatizados. Já os aspectos táticos e estratégicos do negócio, principalmente, no emprego do capital tecnológico e intelectual são, sem dúvida, o investimento que trará às empresas (principalmente as nacionais com aspirações de operação global) a capacidade de se tornarem e/ou manterem em níveis de performance que garantam a sua perenidade. Aguardemos, portanto, cenas dos próximos capítulos…