Seth Godin é considerado um dos maiores marketeiros da atualidade, em grande parte por sua abordagem pouco ortodoxa sobre conceitos que abrangem desde a revolução pós-industrial, ao viral marketing, passando pelo fim da mídia como a conhecemos (tendo a televisão como principal bastião), das sociedades de consumo onde os consumidores possuem o poder, das idéias-virus, do marketing de permissão.
Ao longo de sua carreira de autor escreveu doze livros que foram traduzidos em mais de trinta idiomas, possui um dos blogs (de um único indivíduo) mais populares do mundo, como empreendedor fundou dezenas de empresas (em sua maioria empresas de Internet) e foi Vice-Presidente de Marketing Direto do Yahoo!
Em outras palavras, Godin é um dos principais “agitadores” contemporâneos: um agitador de conceitos e mindsets que trata temas inovadores de forma pouco convencional.
Com um currículo repleto de realizações, trata da falência do currículo, em seu livro mais recente “Linchpin” (“Pivô” em tradução literal do inglês) – que está na lista dos 10 mais vendidos da Amazon desde seu lançamento.
Ou melhor… da falência do modelo de trabalho atual pois, segundo suas palavras, “não há mais nenhuma oferta de um emprego significativo onde alguém lhe diz exatamente o que fazer”.
Assim o “sistema” precisa de mais Pivôs e menos Engrenagens.
Partindo da premissa de que não há mais nenhuma fórmula ou receita para se tornar indispensável em seu emprego (seja como executivo ou empreendedor), o profissional de hoje deve aprender a trilhar seu próprio caminho, a traçar seu plano de carreira, gerando valor onde os outros não geram, assumindo desafios e responsabilidades quando os demais recuam, realizando ações e empreendimentos complexos, trabalhosos e impossíveis.
Mas o fato é que não é fácil tornar-se indispensável. Se algo é fácil é porque já foi feito e, sendo assim, não é mais escasso e valioso. Segundo Seth, “você não se torna indispensável apenas porque você é diferente.
“Mas a única maneira para se tornar indispensável é ser diferente”. Mais do que um jogo de palavras, a mensagem de que o valor do profissional deriva da diferenciação, não é ambígua.
E esta diferenciação deriva por sua vez de uma abordagem apaixonada, como um artista que ama e acredita em sua arte e entrega sua inspiração e emoções ao seu trabalho, gerando, além de realização individual, valor indispensável.
Muito holístico e existencialista? Talvez. Mas segundo o autor, apenas ao se realizar de forma integral – através de um amplo senso de propósito – os profissionais transformam as organizações em mais humanas e propensas a se conectarem diretamente com seus clientes.
Fora isso a briga se volta para o preço ou para o bombardeio de mensagens de comunicação, o que, em última instância, é ruim para (a lucratividade de) todos.
E quando a cultura de uma organização permite que cada funcionário se auto-realize como criador de valor único, atraente e substancial, o evolução dos resultados tende a atingir patamares antes inimaginados.
Quando as pessoas percebem que não são uma engrenagem de uma máquina, uma commodity facilmente substituível, elas aceitam o desafio e crescem. Produzem mais do que se paga para elas, pois o pagamento é feito com algo que vale mais do que o dinheiro em si.
Paga-se com valor e valor é a moeda da nova geração da força de trabalho, da geração Y, que parte da premissa que as ações que trouxeram os resultados na geração passada tendem a não ter a mesma perspectiva de sucesso, pois o contexto de sua aplicação muda, mudou e continuará a mudar em uma recorrência cada vez mais acentuada.
Em outras palavras, a entrada de novas gerações no mundo dos negócios trará, naturalmente, a renovação de crenças, valores e premissas tomadas como verdadeiras em decorrência do processo constante de experimentação.
Conforme talentos e colaboradores diferenciados (e indispensáveis) performam trajetórias meteóricas de ascensão profissional, as crenças e valores que residem na essência do mindset de estratégia e gestão das empresas de hoje são diretamente confrontadas por novos pontos de vistas.
Ao contrário de uma revolução à força, a evolução deste mesmo mindset ocorrerá de forma natural e fluida, por substituição dos profissionais inaptos a compreender os desafios e oportunidades por aqueles que nasceram, cresceram e aprenderam a lidar, com espontaneidade, com o novo contexto, sob novos conceitos.
Seth Godin pode marketear o quanto quiser, pois não há maior agitador do que a cada vez mais contemporânea Geração Y.